05-03-2010 15:04

seminário | Economia Organizada

5 e 6 de MARÇO de 2010
CASA DA ACHADA – CENTRO MÁRIO DIONÍSIO

Rua da Achada, n.º 11
(www.centromariodionisio.org)

com João Bernardo
Horário: dia 5, das 18h30 às 21h
dia 6, das 15h às 18h.


A ECONOMIA ORGANIZADA. Na década de 1930, com o sistema financeiro em colapso, a indústria em crise e o comércio internacional em retracção, havia dois únicos lugares onde a economia crescia a alta velocidade, a União Soviética e a Palestina judaica. O caso da Palestina é pouco conhecido e o motivo do seu crescimento económico é muitíssimo interessante, mas de carácter estritamente político. Para o mundo eram os planos quinquenais soviéticos que importavam, numa demonstração cabal de que a organização centralizada da economia ultrapassava os problemas que o livre mercado era incapaz de solucionar. Enquanto os especuladores se punham em fuga ou se suicidavam e os patrões abriam falência, os burocratas e a tecnocracia mostravam como se podia dirigir com êxito a vida económica. Para quem o esqueça hoje, foi assim a década de 1930.
Mas os políticos e os gestores preocupados com a salvação do capitalismo hesitavam. Valeria a pena incorrer nos custos sociais de uma revolução − com o risco suplementar de ela vir a ser verdadeiramente revolucionária − para organizar centralizadamente a economia? A experiência do estado-maior alemão durante a primeira guerra mundial mostrara que era possível organizar a produção e o consumo partindo do terreno firme da ordem e sem pôr em causa a propriedade privada, e Lenin nunca escondeu o que a sua concepção de comunismo devia à economia de guerra do estado-maior alemão. Encontramos aqui os pólos que presidiram à tentativa de reconstrução do mundo na década de 1930.
Entre esses pólos proliferaram elementos intermédios, veiculando influências recíprocas. Foi neste meio que se gerou a noção de Economia Organizada. Era por definição um meio discreto, porque não se integrava nas principais forças políticas, e esta vocação de obscuridade correponde à forma de exercício do poder pelos gestores. Conviria estudar esses personagens dos bastidores, deslindar-lhes os percursos. Situados entre os dois pólos, quando não em ambos ao mesmo tempo, qualquer que fosse o rumo dos acontecimentos eles tinham representantes no lado vitorioso. Depois da guerra, foram eles quem fez o mundo.

JOÃO BERNARDO é autor de vários trabalhos, entre os quais se destacam, mais recentemente, Labirintos do Fascismo. Na Encruzilhada da Ordem e da Revolta (Porto, Afrontamento, 2003) e Capitalismo Sindical (São Paulo, Xamã, 2008), João Bernardo reside a maior parte do tempo no Brasil, onde tem sido conferencistas em diferentes universidades.

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Dia 6, às 18h30, lançamento do livro com textos de
KARL MARX, CRÍTICA DO NACIONALISMO ECONÓMICO

Edições Antígona
Tradução de José Miranda Justo
Prefácio de José Neves

Debate a partir dos textos de Marx e com a participação de José Bragança de Miranda e José Luís Garcia

CRÍTICA DO NACIONALISMO ECONÓMICO. Este volume inclui dois textos de Karl Marx: o primeiro é um dos seus escritos menos conhecidos, redigido em 1845, e, em rigor, uma crítica à obra de Friedrich List, O Sistema Nacional da Economia Política (1841). O segundo texto é o discurso proferido por Marx em Janeiro de 1848, «Discurso Sobre a Ques­­tão do Comércio Livre». Aqui, Marx procura desmontar o argumento de acordo com o qual o comércio livre, na medida em que aumentaria os salários e diminuiria o preço do pão, beneficiaria o partido dos trabalhadores. No início do século XXI, é digno de atenção o regresso a um Marx que censura o proteccionismo com tanto ou maior em­penho do que o que empresta à crítica do comércio livre.

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